Analistas explicam porque ter cautela com os papéis da Oi
February 27 2024 - 6:54AM
Newspaper
As ações da Oi, em recuperação judicial, registraram uma forte
disparada durante o mês de fevereiro e voltaram a superar o patamar
de R$ 1, não registrado desde agosto de 2023. O movimento chamou a
atenção por poder indicar elementos de recuperação em meio ao
segundo pedido de RJ da companhia, mas as últimas sessões também
mostraram porque é preciso ter cautela ao investir em empresas em
grandes dificuldades.
Entre as sessões de 1 a 21 de fevereiro, as ações da Oi
dispararam 129% na Bolsa brasileira. Contudo, vale destacar que
elas foram de R$ 0,62 para R$ 1,42, um avanço de R$ 0,80 – as ações
OIBR3 têm baixo valor de face, fazendo com que variações de
centavos virem grandes variações percentuais.
As ações também precisariam subir muito mais para mostrarem uma
recuperação consistente, conforme destaca a Nord Research.
“A alta recente não é nada perto da queda de 38,9% acumulada
desde o pedido para a sua segunda recuperação judicial, em 1º de
fevereiro de 2023. Mesmo disparando mais de 120%, as ações da
companhia ainda precisam subir mais 63,7% para apagar as perdas”,
avalia Fabiano Vaz, analista da casa de análise.
Vaz aponta que a situação fica pior para as ações da Oi
(BOV:OIBR3) (BOV:OIBR4) quando se aumenta a janela de tempo. Nos
últimos dois anos, os papéis da companhia acumulam uma queda
significativa de 85,1%, sendo necessária uma alta de 569,4% para
recuperar as perdas.
Mas o que levou a essa forte valorização do papel em fevereiro,
ainda que longe de se recuperar das perdas? No início de fevereiro,
quando as ações passaram a ter forte variação percentual, a B3
pediu explicações para a companhia, que disse não ter fato
relevante que justificasse o movimento. Porém, como hipótese,
apontou a nova versão do Plano de Recuperação Judicial apresentada
em 6 de fevereiro, além de informações discutidas com credores
também contidas neste mesmo fato relevante.
Em meados do mês, a 7ª Vara Empresarial do Estado do Rio de
Janeiro publicou ainda edital de convocação para assembleia geral
de credores (AGC) da Oi em 5 de março, às 11h, para deliberar sobre
o plano de recuperação judicial da empresa.
Na última semana, a companhia ainda comunicou que um fundo
gerido pela Trustee DTVM passou a deter 5,14% das ações da
operadora de telecomunicações e sinalizou a intenção de contribuir
para melhoria na estrutura administrativa da companhia, que está em
seu segundo processo de recuperação judicial.
“Trata-se de um investimento, que tem a intenção de contribuir
junto a empresa, autoridades, reguladores, poder judiciário do Rio
de Janeiro, credores e a estrutura administrativa da empresa, em
uma ampla solução para o soerguimento” da Oi, afirmou a Trustee em
carta à operadora.
De acordo com diversos veículos de imprensa, o empresário Nelson
Tanure está por trás desse movimento. O Broadcast aponta, citando
fontes, que objetivo do investimento é atingir fatia participação
acionária relevante na companhia, apontar membros para o conselho
de administração e negociar com credores o plano de recuperação
judicial. Trata-se de uma jogada arriscada, uma vez que a tele tem
assembleia de credores marcada para o próximo dia 5 em primeira
convocação, e 12, em segunda. A estratégia pode envolver derrubar
essa assembleia e buscar uma nova data mais espaçada.
Enquanto essas especulações movimentam o mercado, as ações da Oi
seguem voláteis na Bolsa. Se até o dia 21 os papéis acumulavam
ganhos de 129% no mês, a alta em fevereiro foi para “apenas” 68%
até a sessão de segunda (26), em meio à forte queda dos ativos nos
últimos dias. De quarta passada até essa segunda os papéis tiveram
baixa de 27%, ainda que preservando o patamar acima de R$ 1 (na
véspera fechou a R$ 1,04), evidenciando a forte volatilidade dos
ativos.
Vaz, da Nord, não vê as ações OIBR3 como uma boa escolha de
investimento, de olho no cenário para a companhia em 2024.
“Em seu segundo processo de recuperação judicial, as
perspectivas para a telecom não são positivas. O ponto crucial da
Oi é a sua grande dificuldade em conciliar a manutenção das suas
operações, investimentos na expansão da fibra e o pagamento dos
juros e das dívidas. Queimando caixa, a perspectiva é de que a Oi
venda o restante da sua participação de 35% na V.tal, empresa de
estrutura de fibra que além de ser rentável e lucrativa proporciona
algumas vantagens competitivas para o core business (fibra óptica)”
, aponta. Assim, o analista recomenda não montar posição em Oi.
Vaz ressalta que a diferença da primeira RJ para a segunda RJ é
que, agora, a Oi precisa vender ativos que fazem parte do “novo”
core (fibra) — uma fatia da operação relevante para a Nova Oi. “Com
isso, mesmo dando tudo certo na segunda recuperação judicial da Oi,
não temos visibilidade em relação aos resultados da nova empresa”,
avalia.
Informações Infomoney
OI PN (BOV:OIBR4)
Historical Stock Chart
From May 2024 to Jun 2024
OI PN (BOV:OIBR4)
Historical Stock Chart
From Jun 2023 to Jun 2024