Após anúncio de bônus de subscrição, ações da Gol acumulam queda de quase 40%
September 19 2023 - 8:37AM
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Em uma semana, na próxima terça-feira (26), acaba o prazo para
que os acionistas da Gol exerçam o seu direito de subscrição dos
bônus anunciados no último dia 15 de agosto pela empresa. Desde que
a operação foi comunicada ao mercado, as ações da companhia
acumulam queda de quase 40%.
Nesta segunda-feira (18), porém, as ações fecharam com ganhos,
de 1,82%, com os papéis cotados a R$ 6,70. A ação subiu mesmo após
o JPMorgan cortar o preço-alvo da aérea, de R$ 12,50 (final de
2023) para R$ 7 (final de 2024). O banco citou incertezas após a
emissão dos títulos que podem diluir a participação de minoritários
em até 70%.
Não bastasse a operação, as últimas semanas da empresa, assim
como de sua concorrente, a Azul (AZUL4), têm sido turbulentas, por
conta da recente alta do preço do barril do petróleo no mercado
internacional, visto que os combustíveis representam em torno de
40% dos custos dessas empresas.
Outra Casa que também está pessimista com a Gol (BOV:GOLL4) é o
Citi, que cortou sua recomendação logo após o anúncio da
subscrição. No dia seguinte, as ações da companhia aérea caíram
12,5%.
Os detalhes da emissão da Gol
A Gol informou que o conselho de administração da
companhia aprovou a emissão de até 1,9 bilhão de bônus de
subscrição de ações preferenciais, de acordo com as seguintes
condições:
- O valor por cada bônus foi precificado em R$ 5,84;
- O detentor do bônus tem o direito de subscreve-lo em uma ação
preferencial da companhia, desde que desembolse mais R$ 5,82;
- Cada ação preferencial detida pelo investidor da Gol hoje dá
direito a adquirir até 4,5 bônus de subscrição;
- Cada ação ordinária, por sua vez, dá direito à subscrição de
0,13 bônus;
- A conversão poderá ser feita até 2028.
Sendo assim, o custo total para adquirir uma ação preferencial
da companhia via subscrição do bônus sairia por R$ 11,66, quase o
dobro do valor atual do papel.
“A emissão desses bônus pode implicar em um aumento de capital,
dado que os acionistas vão precisar injetar dinheiro na companhia
para manter seus direitos”, observam os analistas do Itaú BBA,
Gabriel Rezende, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano.
A equipe de análise aposta que os minoritários não devem fazer
parte da oferta. “Até para os investidores mais confiantes, faria
mais sentido comprar novas ações GOLL4 do que subscrever o
bônus”.
Ao anunciar a emissão, a Gol informou que seu acionista
controlador, a holding Abra, se comprometeu a subscrever a
totalidade da parte desses bônus a qual tem direito (991,95 milhões
de bônus). A Abra, que também controla a Avianca, é também o maior
credor da Gol atualmente e possui US$ 1,2 bilhão em secured senior
notes da Gol.
A holding anunciou, em fevereiro, um investimento de US$ 451
milhões na companhia e recomprou US$ 1,1 bilhão em bonds.
O Goldman Sachs observa que, caso haja apenas a conversão desse
volume mínimo de bônus, a diluição da base seria de 70%. “Em um
cenário no qual todos os bônus sejam convertidos, a diluição para
aqueles que não tem os bônus poderia chegar a 82%”, afirmam os
analistas do banco.
Assim, o Goldman conclui que os acionistas que optarem por
participar da emissão podem não ser diluídos, enquanto aqueles que
ficarem de fora tendem a sofrer uma “significativa diluição”. A
Casa se mantém neutra com relação a Gol e tem preço-alvo de R$
13,50.
Já o Citi baixou a recomendação dos ADRs, os ativos da companhia
negociados na Bolsa americana, de compra para neutra/alto risco
após o anúncio da emissão. Os analistas avaliam que a Gol parece
estar no caminho certo, do ponto de vista operacional. Mas vê a
emissão dos bônus de subscrição como algo drástico.
“A participação da companhia na Abra, juntamente com a
colombiana Avianca, e agora uma planejada e massiva emissão de
bônus, parecem medidas drásticas que criam desafios importantes
para os acionistas minoritários”, avaliam.
O preço-alvo dos ADRs passou de US$ 7,75 para US$ 4,20.
“A Gol precisa de caixa para se capitalizar e hoje o mercado
privado no Brasil está bem fechado para esse tipo de companhia”,
afirma Luan Alves, analista-chefe da VG Research.
“De todo jeito, é uma emissão negativa para o mercado, uma
sinalização ruim. Diluição só é bom quando gera mais valor ao
acionista e nesse cenário de tanta incerteza, é difícil ficar
confortável com esse tipo de estratégia operacional”, afirma o
analista.
Até o fechamento da última segunda-feira (18), GOLL4 acumulava
baixa de 4,69% em setembro, estando entre as 12 maiores quedas do
Ibovespa. No acumulado do ano, a ação já caiu 8,7%.
Informações Infomoney
GOL PN (BOV:GOLL4)
Historical Stock Chart
From May 2024 to Jun 2024
GOL PN (BOV:GOLL4)
Historical Stock Chart
From Jun 2023 to Jun 2024