A Petrobras divulgou seus resultados do terceiro trimestre de
2023, registrando lucro líquido de R$ 27,2 bilhões, número menor do
que os R$ 46,1 bilhões do mesmo período do ano passado,
configurando uma queda de 42,2%.
O consenso LSEG de analistas projetava, na média, um lucro
líquido de R$ 30,485 bilhões, Ebitda (ou lucro antes de juros,
impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) de R$
69,05 bilhões e receita líquida de R$ 130,157 bilhões no período
entre julho e setembro deste ano.
A receita de vendas da Petrobras ficou em R$ 124,8 bilhões,
queda de 26,6% no ano. Na base trimestral, no entanto, houve alta
de 11%. Já o Ebitda ficou em R$ 66,2 bilhões.
“O aumento das receitas no terceiro trimestre de 2023 em
comparação com o segundo trimestre de 2023 é explicado, em grande
medida, pela valorização de 11% do Brent e por maiores volumes de
vendas de derivados no mercado interno e de exportações de
petróleo”, justifica a companhia no documento.
Na comparação ano a ano, houve recuo da receita em todas as
frentes no terceiro trimestre – dado o menor preço do petróleo e
dos derivados na comparação com o mesmo período de 2022.
No fim de outubro, a Petrobras já havia divulgado sua prévia
operacional, com a produção média diária de óleo e gás crescendo 9%
no ano e 9,2% no trimestre, chegando a uma média de 2,88 milhões
barris por dia.
Do lado dos custos dos produtos vendidos, o número ficou em R$
58,5 bilhões, alta de 4,2% na comparação com o segundo trimestre
mas com queda de 29,7% na comparação anual.
“O custo dos produtos vendidos cresceu em relação ao segundo
trimestre de 2023, refletindo, principalmente, maiores volumes
exportados de petróleo, maiores gastos com participações
governamentais e maior volume de vendas de derivados no mercado
interno, com destaque para o diesel. Este efeito foi parcialmente
compensado por menores volumes de importação de gás natural”,
contextualiza.
As despesas operacionais, por sua vez, ficaram em R$ 17,5
bilhões, alta de 41,6% no ano e de 12,5% no trimestre – o que a
estatal atribui a um aumento das despesas com vendas, por conta das
maiores explorações de petróleo, e às maiores despesas
exploratórias.
Por fim, o resultado financeiro da Petrobras foi negativo em R$
9,7 bilhões. No segundo trimestre, esse número foi negativo em R$
269 milhões e no terceiro trimestre de 2022, em R$ 7,9 bilhões.
“O resultado financeiro foi impactado principalmente pela perda
com variação cambial do real frente ao dólar, que desvalorizou 3,9%
na base sequencial, de R$ 4,82 para R$ 5,01. Além desse efeito,
contribuíram para um resultado financeiro mais negativo em relação
ao 2T23 as
maiores despesas com juros de financiamentos e de arrendamentos”,
explica a empresa.
“Apesar do maior lucro bruto, influenciado principalmente pela
valorização do Brent e por maiores volumes de exportações de
petróleo, de vendas de derivados e menores importações de GNL, o
menor lucro líquido observado é explicado, principalmente, pelo
resultado financeiro”, acrescenta.
Quanto aos investimentos, a Petrobras aportou US$ 3,4 bilhões
entre julho e setembro deste ano, alta de 4,7% frente ao segundo
trimestre e de 59,2% no ano. A companhia fechou o período com sua
dívida líquida em R$ 43,7 bilhões, menos do que os R$ 47,4 bilhões
de um ano antes mas subindo 3% frente ao segundo trimestre.
Os resultados da Petrobras (BOV:PETR3)
(BOV:PETR4)
referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 09/11/2023.
Teleconferência
A diretoria da Petrobras, em teleconferência após a publicação
de resultados nesta sexta-feira (10), tentou afastar alguns temores
quanto ao futuro da política de investimentos da estatal em meio
aos diversos rumores sobre o novo plano de negócios a ser revelado
até o fim do mês.
Com o novo plano estratégico para sair, e dado o histórico que
diretorias indicadas por outros governos do PT têm na companhia,
investidores estão de olho nas sinalizações que a gigante
brasileira do setor de petróleo dá nesta frente – temendo,
principalmente, que a criação de novas frentes de negócios abalem a
posição de caixa da Petrobras e a sua distribuição de
dividendos.
Antes mesmo da divulgação do resultado, analistas destacaram que
toda a atenção dos investidores está para os novos investimentos e
para o plano estratégico 2024-2028, visão esta reiterada após o
balanço.
“É importante determinar como este desembolso será repartido ao
longo dos próximos cinco anos, uma vez que o mercado tende a
prestar mais atenção aos pagamentos de dividendos de curto prazo”,
avaliou a equipe do Bradesco BBI. “Nosso grande receio diz respeito
ao percentual desse novo valor a ser divulgado em breve [do plano
de negócios] que deverá ser alocado nos negócios de transição
energética e sobre como todo esse processo deverá afetar a
distribuição de dividendos da empresa”, comentou a Genial.
Diretores falam sobre investimentos
Durante a teleconferência, os executivos da Petrobras defenderam
algumas dessas posições.
Quanto a investimentos em transição energética, por exemplo,
Sérgio Caetano Leite, diretor financeiro (CFO), pontuou que se
trata de um comportamento visto em todas as majors do setor de óleo
e gás.
Explicação parecida os diretores tiveram ao falar da
participação da empresa no setor petroquímico. A questão da Braskem
(BRKM5) continua também no radar de analistas, já que a companhia
estatal, com 47% da empresa, tem a preferência na aquisição da
fatia da Novonor, que quer vender sua participação na empresa, ou
pode realizar um tag along.
“Enxergamos muito valor na indústria petroquímica e isso não é
de agora. Hoje, há um direcionador estratégico para que a companhia
expanda seus negócios nesta frente”, falou Leite. “O direcionador
de a gente estar de olho no setor pode não ser contra a venda da
Braskem. No entanto, pode também levar a uma compra da Braskem”,
desviou.
Os diretores deram também a indicação de que o novo plano
estratégico trará contornos gerais de budgets para fusões e
aquisições (M&As).
“O plano está em uma fase sendo validado pelas instâncias como
conselho, diretoria, e por aí vai”, explicou. “Não temos, por
agora, uma resposta sobre os M&As. Mas, de olho na
previsibilidade, queremos dar uma ideia em breve ao mercado do que
faremos nesta frente, sobre a forma como faremos esses
movimentos”.
Dividendos da Petrobras estão assegurados?
Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética da
Petrobras, explicou que, nesta frente, a companhia está olhando
empresas que já estão operando no segmento, para entrar em
parcerias. Segundo o executivo, há interesse em projetos novos e
também já mais maduros, buscando um equilíbrio entre segurança e
potencial de valorização.
Apesar da sinalização de mais investimentos, eles também
endereçaram que os dividendos estão mantidos.
“Investimentos, com alocação de capital, visam a geração de
valor ao acionista, eles respeitarão sempre a nossa política de
pagamento de dividendos. Criamos uma reserva para manter essa
política, o que mostra nosso compromisso com a questão”, disse
Leite.
Já quanto ao pagamento de dividendos extraordinários, feito no
final do ano de olho no controle da dívida e nos investimentos, o
executivo defendeu que a empresa avaliará oportunidades, o
endividamento e todo o cenário externo.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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