Isa Cteep vai investir R$ 146 milhões em projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala
November 17 2021 - 8:17AM
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A transmissora de energia Isa Cteep vai investir R$ 146 milhões
em um projeto de armazenamento de energia em baterias em larga
escala, o primeiro desse tipo no sistema de transmissão brasileiro.
A iniciativa foi aprovada hoje pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), que reconheceu o investimento como uma solução
vantajosa frente a outras opções existentes para garantir
atendimento emergencial no litoral Sul de São Paulo, uma região que
sabidamente enfrenta excesso de demanda de energia durante o
verão.
O comunicado foi feito pela empresa (BOV:TRPL3) (BOV:TRPL4)
nesta quarta-feira (17).
O projeto consiste na instalação de baterias de lítio,
totalizando 30 megawatts (MW)de potência, em uma área de 4 mil
metros quadrados (m²) que faz parte da subestação Registro (SP),
uma das responsáveis pelo abastecimento do litoral Sul paulista. Os
equipamentos, com porte equivalente a cerca de 30 contêineres,
garantirão o atendimento nos momentos de pico de consumo da região,
de aproximadamente 400 MW, beneficiando em torno de dois milhões de
pessoas.
A tecnologia vai atuar como um reforço à rede elétrica,
assegurando energia adicional por até duas horas, totalizando 60
megawatt-hora (MWh), de forma a evitar uma potencial interrupção no
fornecimento de energia por excesso de demanda. Por esse
investimento, a Isa Cteep terá direito a uma Receita Anual
Permitida (RAP) de R$ 27 milhões.
Conforme ficou definido pela agência reguladora, o
empreendimento deve ficar pronto no prazo de 14 meses, de forma a
dar mais confiabilidade ao atendimento da demanda durante o verão
2022/2023. A previsão da companhia é entregar a obra em novembro de
2022.
Em entrevista ao Broadcast Energia, o diretor-presidente da
Isa Cteep, Rui Chammas, disse que a companhia já possui projeto de
engenharia em estágio avançado e contratos “alinhavados”, inclusive
com o fornecedor chinês das baterias.
A rapidez de execução das obras favoreceu a aprovação do projeto
pela Aneel, tendo em vista o custo ainda elevado das baterias.
Usualmente, nos casos em que se identifica excesso de demanda no
sistema elétrico, a solução adotada é a construção de capacidade
adicional, mas as obras levariam mais tempo para serem concluídas.
Além disso, o diretor da agência reguladora e relator do processo,
Sandoval Feitosa, comentou que a solução tem baixo impacto
socioambiental e alta mobilidade. “As baterias podem ser facilmente
realocadas para outros pontos do sistema, tornando-se um recurso
flexível, por exemplo, quando entrar em operação comercial a
solução definitiva de planejamento do litoral paulista, com a
Subestação Manuel da Nóbrega, o que permitirá a postergação de
investimentos, e a redução do custo de geração para atendimento da
ponta do sistema”, afirmou.
“Esse projeto, mais do que resolver uma situação pontual (do
atendimento ao Litoral Sul Paulista), representa uma oportunidade
de aprendizado para nós da companhia, no projeto, instalação e
operação; como também uma oportunidade, para o Operador Nacional
(do Sistema Elétrico – ONS), de como vai operar e trabalhar
eventuais conceitos de vantagens adicionais que esse sistema pode
ter; além disso, vai permitir uma discussão com o regulador”,
comentou Chammas.
O projeto foi enquadrado como um reforço do sistema, por se
tratar de uso de baterias com finalidade de aumentar a capacidade
de transmissão já existente. No entanto, o diretor-geral da Aneel,
André Pepitone, defendeu, em seu voto, a necessidade de atualização
da regulação existente, de modo a melhor contemplar o uso das
baterias. “Dessa forma, a agência dará igual oportunidade a outros
agentes de mercado equivalentes à Cteep e que tenham interesse em
utilizar a mesma tecnologia, privilegiando a isonomia”, disse o
diretor, citando que já existem estudos em andamento no âmbito da
Aneel.
Diversificação
Chammas comentou que o projeto representa um passo rumo à
diversificação do negócio da Isa Cteep e considerou que sistemas de
bateria têm versatilidade que deve ser explorada – como controle de
tensão e potência. Ele evitou, porém, comentar sobre outros
potenciais projetos da companhia, em diferentes pontos de sua rede
num futuro próximo. “Hoje, o que vemos como mais premente é esse
projeto do Litoral Sul; continuamos analisando tudo o que temos,
mas tem um trabalho importante para ser feito com ONS e EPE
(Empresa de Pesquisa Energética) para que no futuro do planejamento
possa contemplar baterias”, disse.
Para o executivo, o projeto deve ser catalisador de outros que
contemplam o uso de baterias, seja para resolver problemas
similares de capacidade, ou para outros tipos de situação, como
controle de tensão e potência, ou compensar variabilidade da
geração de usinas solares e eólicas, que possuem produção
intermitente. “A primeira operação (de sistemas de baterias na
transmissão quebra paradigmas… se fôssemos esperar as coisas
acontecerem na teoria para ir para prática, talvez tomasse mais
tempo”, disse.
A Aneel estuda o uso de baterias no setor elétrico nacional
desde 2016, quando lançou a Chamada Pública 021/2016, na qual foram
selecionados 23 projetos de Pesquisa & Desenvolvimento
(P&D) que contemplavam tecnologias de armazenamento de
energia.
Informações Broadcast
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