A transmissora de energia Isa Cteep vai investir R$ 146 milhões em um projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala, o primeiro desse tipo no sistema de transmissão brasileiro. A iniciativa foi aprovada hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que reconheceu o investimento como uma solução vantajosa frente a outras opções existentes para garantir atendimento emergencial no litoral Sul de São Paulo, uma região que sabidamente enfrenta excesso de demanda de energia durante o verão.

O comunicado foi feito pela empresa (BOV:TRPL3) (BOV:TRPL4) nesta quarta-feira (17).

O projeto consiste na instalação de baterias de lítio, totalizando 30 megawatts (MW)de potência, em uma área de 4 mil metros quadrados (m²) que faz parte da subestação Registro (SP), uma das responsáveis pelo abastecimento do litoral Sul paulista. Os equipamentos, com porte equivalente a cerca de 30 contêineres, garantirão o atendimento nos momentos de pico de consumo da região, de aproximadamente 400 MW, beneficiando em torno de dois milhões de pessoas.

A tecnologia vai atuar como um reforço à rede elétrica, assegurando energia adicional por até duas horas, totalizando 60 megawatt-hora (MWh), de forma a evitar uma potencial interrupção no fornecimento de energia por excesso de demanda. Por esse investimento, a Isa Cteep terá direito a uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 27 milhões.

Conforme ficou definido pela agência reguladora, o empreendimento deve ficar pronto no prazo de 14 meses, de forma a dar mais confiabilidade ao atendimento da demanda durante o verão 2022/2023. A previsão da companhia é entregar a obra em novembro de 2022.

Em entrevista ao Broadcast Energia, o diretor-presidente da Isa Cteep, Rui Chammas, disse que a companhia já possui projeto de engenharia em estágio avançado e contratos “alinhavados”, inclusive com o fornecedor chinês das baterias.

A rapidez de execução das obras favoreceu a aprovação do projeto pela Aneel, tendo em vista o custo ainda elevado das baterias. Usualmente, nos casos em que se identifica excesso de demanda no sistema elétrico, a solução adotada é a construção de capacidade adicional, mas as obras levariam mais tempo para serem concluídas. Além disso, o diretor da agência reguladora e relator do processo, Sandoval Feitosa, comentou que a solução tem baixo impacto socioambiental e alta mobilidade. “As baterias podem ser facilmente realocadas para outros pontos do sistema, tornando-se um recurso flexível, por exemplo, quando entrar em operação comercial a solução definitiva de planejamento do litoral paulista, com a Subestação Manuel da Nóbrega, o que permitirá a postergação de investimentos, e a redução do custo de geração para atendimento da ponta do sistema”, afirmou.

“Esse projeto, mais do que resolver uma situação pontual (do atendimento ao Litoral Sul Paulista), representa uma oportunidade de aprendizado para nós da companhia, no projeto, instalação e operação; como também uma oportunidade, para o Operador Nacional (do Sistema Elétrico – ONS), de como vai operar e trabalhar eventuais conceitos de vantagens adicionais que esse sistema pode ter; além disso, vai permitir uma discussão com o regulador”, comentou Chammas.

O projeto foi enquadrado como um reforço do sistema, por se tratar de uso de baterias com finalidade de aumentar a capacidade de transmissão já existente. No entanto, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, defendeu, em seu voto, a necessidade de atualização da regulação existente, de modo a melhor contemplar o uso das baterias. “Dessa forma, a agência dará igual oportunidade a outros agentes de mercado equivalentes à Cteep e que tenham interesse em utilizar a mesma tecnologia, privilegiando a isonomia”, disse o diretor, citando que já existem estudos em andamento no âmbito da Aneel.

Diversificação

Chammas comentou que o projeto representa um passo rumo à diversificação do negócio da Isa Cteep e considerou que sistemas de bateria têm versatilidade que deve ser explorada – como controle de tensão e potência. Ele evitou, porém, comentar sobre outros potenciais projetos da companhia, em diferentes pontos de sua rede num futuro próximo. “Hoje, o que vemos como mais premente é esse projeto do Litoral Sul; continuamos analisando tudo o que temos, mas tem um trabalho importante para ser feito com ONS e EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para que no futuro do planejamento possa contemplar baterias”, disse.

Para o executivo, o projeto deve ser catalisador de outros que contemplam o uso de baterias, seja para resolver problemas similares de capacidade, ou para outros tipos de situação, como controle de tensão e potência, ou compensar variabilidade da geração de usinas solares e eólicas, que possuem produção intermitente. “A primeira operação (de sistemas de baterias na transmissão quebra paradigmas… se fôssemos esperar as coisas acontecerem na teoria para ir para prática, talvez tomasse mais tempo”, disse.

A Aneel estuda o uso de baterias no setor elétrico nacional desde 2016, quando lançou a Chamada Pública 021/2016, na qual foram selecionados 23 projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) que contemplavam tecnologias de armazenamento de energia.

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