A Engie Brasil Energia está perto de anunciar investimentos em um novo projeto de geração solar de grande porte, o complexo Assú Sol, no Rio Grande do Norte, que terá 750 megawatts em capacidade, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

O empreendimento vai triplicar a presença da companhia de controle francês na fonte fotovoltaica. Líder privada em geração no Brasil, a Engie (BOV:EGIE3) opera hoje três ativos solares menores, a usina Assú V, com 34 megawatts, e os parques Floresta e Paracatu, em Rio Grande do Norte e Minas Gerais, que somam 218 MW.

Enquanto os parques já operacionais da Engie vendem a energia produzida para distribuidoras, o novo projeto será viabilizado com a negociação da geração futura no chamado mercado livre de eletricidade, onde empresas com maior consumo fecham contratos de suprimento e preços diretamente com grupos do setor, explicou a fonte, que falou sob anonimato.

Mas, ao invés de fechar acordos de venda diretamente com clientes neste momento, a Engie manterá a energia do novo projeto na carteira de sua unidade de comercialização, visando atender à demanda “na renovação de contratos existentes e também nos contratos com a abertura do mercado”, acrescentou a fonte.

Procurada, a Engie Brasil Energia não respondeu de imediato a pedidos de comentário.

A Engie anunciou em dezembro passado a conclusão da aquisição do projeto Assú Sol, comprado da Assu Sol Geração de Energia por até R$ 41,25 milhões, prevendo pagamentos conforme o avanço do projeto. O parque fica em área próxima à do ativo Assú V, o que gera sinergias operacionais para a companhia.

Recentemente, executivos do setor elétrico, incluindo os da Engie, vinham se queixando de dificuldades para fechar contratos com clientes para venda de produção de novos projetos renováveis dentro de níveis de preços que remunerem os investimentos nos ativos, após os custos dispararem com a pandemia e a guerra na Ucrânia.

“É importante que a gente tenha preços compatíveis com o custo de desenvolvimento e implantação desses projetos. Hoje existe uma pequena discrepância, em função do crescimento dos custos de matéria-prima, da logística, etc, no preço que a gente vê no mercado”, disse o diretor-presidente da Engie, Eduardo Sattamini, em teleconferência de resultados do terceiro trimestre.

A fonte não detalhou os investimentos previstos no projeto ou o valor de negociação da energia a ser produzida. Projeções de mercado apontam para a necessidade de aportes acima de R$ 3 bilhões.

Incertezas geradas por medidas para contenção do coronavírus na China levaram diversas companhias de energia a postergar decisões de investimentos em usinas solares nos últimos tempos, incluindo a Echoenergia, da Equatorial.

Alguns grupos, no entanto, já começaram a se movimentar e aprovar projetos, como a Cemig, que anunciou no final de agosto a assinatura de contratos para iniciar obras de suas primeiras usinas solares de grande porte, orçadas em R$ 824 milhões e com 155 megawatts em capacidade potencial.

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