A Braskem registrou prejuízo atribuído aos acionistas de R$
1,575 bilhão no quarto trimestre de 2023, montante 8% menor que a
perda de R$ 1,7 bilhão apurada no mesmo período de 2022.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 1,049 bilhão no
4T23, ante resultado negativo de R$ 168 milhões de um ano
antes.
A empresa explica que o aumento do Ebitda foi impulsionado pela
priorização de vendas com maior valor agregado e otimização do mix
de vendas, em conjunto com a melhora de spreads dos produtos
comercializados pela Braskem e redução das despesas gerais e
administrativas.
A receita líquida, por sua vez, somou R$ 16,691 bilhões, queda
de 12% ante um ano e estável na comparação com os três meses
imediatamente anteriores.
O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 1,008 bilhão no quarto
trimestre de 2023, ante prejuízo bruto de R$ 78 milhões de igual
etapa de 2022.
As despesas gerais e administrativas somaram R$ 613 milhões no
4T23, uma redução de 23% em relação ao mesmo período de 2022.
O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 798 milhões no
quarto trimestre de 2023, uma elevação de 108% sobre as perdas
financeiras da mesma etapa de 2022.
Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia era de
R$ 1,815 bilhão, um recuo de 6% na comparação com a mesma etapa de
2022.
O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida
líquida/Ebitda ajustado, ficou em 10,72 vezes em dezembro/23, alta
de 4,05 pontos percentuais (p.p.) em relação ao mesmo período de
2022.
Os resultados da Braskem (BOV:BRKM3)
(BOV:BRKM5) (BOV:BRKM6)
referentes suas operações do quarta trimestre de 2023 foram
divulgados no dia 19/03/2024.
Teleconferência
A Braskem realizou teleconferência de resultados do 4T23 para a
imprensa, mas a apresentação serviu mais como um balanço de dois
problemas que tem abalado a companhia: o persistente ciclo de baixa
do setor petroquímico e o afundamento do solo em Maceió (AL)
provocado por uma mina desativada da empresa, que teve agravamento
no final do ano passado, levando a instalação de uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) no Senado.
A Braskem afirma que a área de risco já está 100% desocupado. De
acordo com a companhia, 96% das propostas de realocação já foram
aceitas e 95% pagas. “O índice de aceitação geral é de 99,4% –
então, entre todas as propostas, a gente já tem resposta definitiva
de 99,4%. Um altíssimo índice de aceitação”, disse o diretor
financeiro da companhia, Pedro Freitas.
Dos R$ 15,5 bilhões provisionados, R$ 9,5 bilhões já foram
desembolsados, informou a empresa. Esse total subiu cerca de R$ 1
bilhão depois que parte da mina colapsou em dezembro do ano passado
e foi o gatilho para criação de da CPI da Braskem no Senado.
Freitas disse que o provisionamento remanescente de mais de R$ 5
bilhões, metade será desembolsado em 2024 e outra metade ao longo
do plano de ações pelos próximos anos.
O fechamento total da mina no subsolo de Maceió vai até 2026 e o
plano ambiental, a conclusão é em 2028. “Sobre a CPI, a Braskem vem
se posicionando para contribuir com a comissão”, sintetizou ao
dizer da questão o CFO.
VISÃO DO MERCADO
Citi
O Citi avalia que a Braskem conseguiu mostrar uma recuperação
sequencial nos seus resultados durante o quarto trimestre mesmo em
um cenário de fundamentos ainda desafiadores no setor
petroquímico.
Os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona escrevem que a
receita de US$ 3,3 bilhões e o Ebitda recorrente de US$ 211 milhões
vieram em linha com as estimativas por conta de melhor mix de
vendas e redução nas despesas.
Do lado negativo, o banco destaca que o prejuízo de US$ 317
milhões foi pior do que o esperado e a companhia também teve uma
queima de caixa de US$ 170 milhões que manteve alavancagem
alta.
No entanto, as ações da Braskem continuarão sendo movimentadas
em torno das discussões sobre a venda da participação da Novonor
(ex-Odebrecht) e do noticiário de Alagoas.
O Citi tem recomendação neutra para Braskem, com preço-alvo em
R$ 24.
Bradesco BBI
Para Bradesco BBI, os resultados da Braskem no quarto trimestre
tiveram uma ligeira melhora, mas ainda sem sinais de melhoras mais
consistentes com a possível desaceleração da atividade na
China.
O Ebitda recorrente total foi 13% superior ao terceiro
trimestre, mas ainda 4% abaixo do BBI e 11% abaixo do consenso. O
Ebitda foi impulsionado por custos de matéria-prima mais baixos,
devido à otimização e flexibilidade nas compras de propileno nos
EUA.
O fluxo de caixa livre para os acionistas permanece negativo,
embora tenha apresentado alguma memória. A dívida líquida ajustada
de 2023 ficou em US$ 6,45 bilhões, e uma alavancagem de 8,6 vezes,
contra as 13 vezes anteriores.
Segundo os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka, se nada
mudar nos níveis atuais de margem, a companhia deve encerrar o ano
de 2024 com um Ebitda inferior a US$ 1 bilhão, contra a projeção de
US$ 1,4 bilhão, juros líquidos negativos de US$ 300 milhões e
despesas de capital de US$ 440 milhões.
O Bradesco BBI tem recomendação neutra para a Braskem, com
preço-alvo de R$ 10 por ação.
XP
Para a XP Investimentos, a Braskem apresentou resultados fracos
para o quarto trimestre em meio a um difícil momento para o setor
petroquímico, mas dentro do esperado e com a melhora de alguns
indicadores, diz
Os analistas Vladimir Pinto e Helena Kelm destacam o momento
particularmente difícil para o setor, com preços e spreads ainda em
baixa histórica. Assim, eles têm uma percepção positiva de alguns
resultados da empresa, “embora acreditemos que seja cedo para
interpretá-los como uma reviravolta estrutural para o setor em
2024”, acrescentam.
O Ebitda ajustado alcançou R$ 1,04 bilhão, um crescimento de 14%
em comparação ao trimestre anterior, devido ao melhor mix de
vendas, iniciativas para redução de custos fixos, aumento de 3% na
margem média de preços das resinas e de 4% dos principais produtos
químicos no Brasil.
Já o fluxo de caixa livre recorrente foi negativo em R$ 344
milhões, impulsionado por R$ 1,1 bilhão em pagamentos de juros.
A dívida líquida de cerca de US$ 5,1 bilhões está estável,
enquanto a alavancagem alcançou 8,64 vezes, contra 12,99 vezes do
trimestre anterior.
A XP Investimentos tem recomendação neutra para a Braskem, com
preço-alvo de R$ 27.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Reuters
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