A temporada de resultados da Bolsa brasileira ganha força nesta
semana já com a estreia de um grande banco, o Santander Brasil, na
próxima quarta-feira (31) antes da abertura dos mercados.
No geral, a expectativa dos analistas de mercado para os
“bancões” é de que o quarto trimestre seja muito semelhante, em
termos de dinâmica, ao terceiro trimestre, segundo aponta a XP.
“Os NPLs [índices de inadimplência] ainda se encontram num nível
elevado, sendo provável que o trimestre anterior tenha marcado o
pico do atual ciclo. Esta interrupção da tendência de alta permitiu
que os bancos aumentassem ligeiramente o seu apetite pelo risco”,
avalia a equipe de análise da casa.
Os resultados ainda devem seguir em dois grupos: aqueles com
maiores destaques positivos, com Banco do Brasil (BOV:BBAS3) e Itaú
(BOV:ITUB4), e aqueles que ainda não devem brilhar no período, os
do Bradesco (BOV:BBDC4) e Santander (BOV:SANB11).
“BB e Itaú, apesar de enfrentarem bases fortes, devem manter a
recente tendência positiva de crescimento da carteira de crédito e
apresentar taxas de inadimplência praticamente estáveis. Por outro
lado, prevemos outro trimestre decepcionante para o Bradesco,
principalmente devido ao elevado provisionamento e a uma margem
financeira (NII) pressionada”, aponta a XP.
O JPMorgan também cita que, enquanto a melhora da inadimplência
é sentida, o foco agora deve estar no crescimento da carteira de
empréstimos. Os investidores também estarão focados no potencial
maior pagamento de dividendos para o Itaú e Banco do Brasil e como
a nova gestão do Bradesco abordará as recentes desafios (ou seja,
plano estratégico de médio prazo).
“Seguimos esperando que Itaú e BB continuem imprimindo o maior
ROE [Retorno sobre o patrimônio] entre os grandes bancos”, reforça.
Confira os principais destaques por banco:
Santander – divulgação em 31 de janeiro, antes da
abertura do mercado
Na visão do Bradesco BBI, provisões e despesas operacionais
ligeiramente mais elevadas podem limitar a expansão dos lucros do
Santander; os analistas do banco esperam que o crescimento dos
empréstimos mantenha o ritmo do 3T23, principalmente em relação a
consignados, empréstimos para automóveis e empréstimos a pequenas e
médias empresas, enquanto grandes empréstimos corporativos devem
apresentar demanda mais fraca.
“Acreditamos que a margem com clientes deverá melhorar
sequencialmente, mas poderá ser impactada pela redução do spread
sobre a Selic do lado da captação, enquanto os resultados de
tesouraria deverão permanecer negativos. Além disso, as despesas
com provisões poderão ficar sob pressão devido a recuperações mais
baixas, enquanto a inadimplência poderá ter volatilidade, devido ao
impacto da sua carteira renegociada”, avalia o BBI. Por sua vez,
atenção para a pressão sobre as despesas operacionais por maiores
investimentos em marketing e pessoal, devido ao reajuste salarial
relacionado ao acordo coletivo sindical. Assim, o BBI projeta lucro
líquido recorrente de R$ 2,7 bilhões, com ROE de 12,7%. Já a
projeção LSEG com mercado projeta lucro de R$ 2,87 bilhões.
Itaú – divulgação em 5 de fevereiro, após o
fechamento
O Itaú Unibanco deve apresentar um crescimento de um dígito na
sua carteira de crédito, impulsionado pelas linhas de crédito
relacionadas com o consumo, avalia a XP. A margem financeira deverá
continuar a ser impulsionada pelo aumento da carteira de crédito,
aumentando 3,6% em termos homólogos e 4,2% em termos
trimestrais.
Adicionalmente, prevê que a inadimplência fique estável no
trimestre, em 3,0%, juntamente com um sólido índice de cobertura de
205%. Consequentemente, não espera qualquer aumento significativo
no custo do crédito no trimestre. O resultado líquido deverá
continuar a sua tendência positiva e ter um sólido crescimento de
22% em termos anuais e de 3,2% frente o 3T23. Para a XP, os
resultados trimestrais não devem desencadear qualquer reação forte
do mercado (nem positiva nem negativa).
A Genial espera que o principal catalisador de geração de lucro
venha do custo de crédito que deve começar a se estabilizar com a
inadimplência mostrando sinais positivos, enquanto as receitas
seguem evoluindo. Também esperam um aumento relevante de dividendos
no trimestre por conta uma combinação de capital em excesso e
decisões regulatórias favoráveis (limite de juros no cartão de
crédito, aumento de Basileia operacional e modificações no JCP. O
consenso LSEG projeta lucro de R$ 9,4 bilhões para o banco.
Bradesco – divulgação em 7 de fevereiro, antes da
abertura
A XP e o Itaú BBA projetam números ainda tímidos do Bradesco. A
XP projeta uma queda de 2,9% da carteira de crédito na base anual e
alta de 3% frente o 3T23, uma vez que as concessões de crédito
permanecem conservadoras a fim de controlar a inadimplência. Além
disso, espera que o Bradesco apresente um decréscimo de -1% no NII
neste trimestre (+4,2% trimestre a trimestre), uma vez que spreads
mais apertados e um menor NII com o mercado continuam a impactar
negativamente esta linha de receita.
A projeção é de uma diminuição marginal da sua inadimplência no
4T23 (-10 pontos-base, para 6,1%), uma vez que as novas safras
continuam a ter um melhor desempenho do que as anteriores e o banco
começa a recuperar o controle sobre a inadimplência. Enquanto a XP
espera um lucro de R$ 4,84 bilhões (alta anual expressiva de 204%,
mas trimestral modesta de 5%), o consenso LSEG com mercado projeta
uma cifra menor, de R$ 4,5 bilhões.
O Itaú BBA espera ainda um guidance conservador para o exercício
de 2024, implicando uma fase de transição para o banco com um
gradual retorno de linhas de crédito de maior rendimento, como
varejo e PMEs, foco na renda mais alta e esforços de controle de
custos nos serviços convencionais. O consenso LSEG projeta lucro de
R$ 9,4 bilhões.
Banco do Brasil – divulgação em 8 de fevereiro – após o
fechamento
A XP espera mais um trimestre de crescimento robusto na carteira
de crédito do Banco do Brasil, provavelmente em linha com o ponto
médio do seu guidance (8% – 12%), mais uma vez impulsionado
principalmente pelo crédito rural. Além disso, projeta que seu NII
salte 11% quando comparado ao ano passado e praticamente estável
frente o 3T23, principalmente devido a receitas de tesouraria mais
fracas.
Já sobre a inadimplência, prevê um ligeiro aumento (+10
pontos-base, para 2,9%), que continua a ser a mais baixa entre os
seus pares e reflete o perfil defensivo da sua carteira. A casa vê
um lucro líquido de R$ 8,8 bilhões no quarto trimestre (-2% frente
o 4T22 e estável ante o 3T23), resultando num ROAE de 21,1% para o
Banco do Brasil. O consenso LSEG com mercado projeta um lucro
maior, de R$ 9,2 bilhões.
Na visão da Genial, para o 4T23, a carteira de crédito
apresentará um crescimento de 11,2% frente o 4T22 e 4,8% ante o
3T23, fechando o ano no meio do guidance, vendo que a carteira agro
continuará com um bom desempenho, seguida pela carteira pessoa
física. Já as provisões para devedores duvidosos (PDD) devem
apresentar uma estabilidade ano a ano, mas com queda de 13,1% ante
o 3T23 (o trimestre anterior foi impactado por R$ 507 milhões de
provisões de Americanas), levando a PDD para o topo do guidance de
2023.
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Informações Infomoney
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