Dois anos após comprar um banco nos Estados Unidos, o Bradesco
vai investir mais US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para
acelerar o seu crescimento no país. O reforço marca uma nova fase
do antigo BAC Florida. Rebatizado, o banco passa a operar sob o
nome Bradesco Bank e terá novas instalações a partir do próximo
ano.
A aquisição foi essencial na estratégia do conglomerado para
crescer na área “private”, que concentra os clientes muito ricos e
é um dos principais desafios da gestão de Octavio de Lazari,
prestes a completar cinco anos no comando do Bradesco (BOV:BBDC3)
(BOV:BBDC4). Com o novo aporte, o banco eleva o investimento em seu
negócio nos EUA em cerca de 50%, para US$ 730 milhões (quase R$ 4
bilhões), desde que o adquiriu, em 2019.
Na prática, o reforço vai permitir ao Bradesco Bank, dobrar o
seu patrimônio líquido, para US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões), e
dará fôlego à instituição na disputa por correntistas
endinheirados. O combustível também o ajudará a avançar em dois
alvos, grandes empresas com negócios internacionais e bancos da
América Latina. Com o ganho de importância nos EUA, o Bradesco
consegue captar a um custo menor no mercado norte-americano e
emprestar com um spread, inclusive a rivais brasileiros.
“Como cresço em ativos e tenho oportunidade de ampliá-los no
mercado local, então, se tiver capital mais adequado eu acelero o
crescimento”, disse o vice-presidente executivo do Bradesco,
Marcelo Noronha, em entrevista exclusiva ao Broadcast, durante
evento do banco, em Nova York.
Segundo Noronha, o Bradesco Bank tem expandido seus negócios a
um ritmo que chega a superar os 30% ao ano em segmentos nos quais
opera: investimentos, wealth management (grandes fortunas), cartão,
crédito e mortgage, principal modalidade de financiamento
imobiliário nos EUA. “O banco que mais faz mortgage dentro da
Flórida para estrangeiros chama-se Bradesco Bank”, diz. Segundo
ele, a inadimplência da operação é baixa.
O Bradesco assumiu o comando do antigo BAC Florida em meados de
2020, enquanto a Covid-19 trancava todos em suas casas. De lá para
cá, reforçou a operação com o lançamento de uma plataforma de
investimentos, a Bradesco Invest US, ampliou a equipe e firmou
parceria com a BlackRock, maior gestora do mundo, responsável pela
gestão dos fundos nos EUA.
Como resultado, o Bradesco Bank está mais parrudo e soma cerca
de 10 mil clientes. Em ativos totais, o banco detém hoje US$ 3,1
bilhões, crescimento de 40% frente a dezembro de 2020. Já a
carteira de crédito cresceu 56%, para US$ 2,5 bilhões no período.
Em ativos sob custódia, o feito foi ainda maior: salto de 87%, para
o patamar de US$ 3 bilhões.
O próximo passo é dar a ‘nova cara’ ao negócio nos EUA. A sede
do Bradesco Bank será transferida para uma das torres do icônico
‘Plaza Coral Gables’, novo empreendimento localizado na Ponce de
Leon, em Miami, na Flórida. Trata-se do maior projeto de construção
no local desde 1990. Além das torres comerciais, o empreendimento
contempla um hotel e um shopping.
A nova sede passa a ter a mesma identidade visual do Private do
Bradesco, como o prédio do banco na Faria Lima, reduto financeiro
de São Paulo. Como a atual, também terá uma agência para
atendimento aos clientes, mais moderna. A inauguração está prevista
para fevereiro, em evento que deve reunir a alta cúpula do banco,
além de autoridades locais.
Nos planos do Bradesco Bank, novas aquisições e expansão
geográfica nos EUA não são prioridade, ao menos, por enquanto.
“Vamos crescer o BAC, mas para atender basicamente os clientes
brasileiros e os estrangeiros que temos aqui, mesmo os americanos.
Outras aquisições não fazem sentido”, disse o presidente do
Bradesco, Octavio de Lazari, em entrevista ao Broadcast, também
durante passagem por Nova York.
Fundado há mais de cinco décadas, o antigo BAC Florida é a maior
operação offshore, ou seja, no exterior, do segmento de
endinheirados do banco, o Bradesco Global Private Bank, cuja a
marca também foi atualizada recentemente. Para se consolidar junto
a esse público, o conglomerado reforçou também seu banco na Europa.
Assim como nos EUA, no Brasil, o Private do Bradesco ganhou impulso
inorgânico, ao aproveitar a saída do norte-americano JPMorgan e do
suíço BNP Paribas do negócio no País. “Com isso, trouxemos
clientes, ativos e equipe”, disse Noronha.
De acordo com ele, outro movimento que reforça a área de grandes
fortunas (wealth management) é a sociedade que o Bradesco está
construindo com a gestora do BV (antigo banco Votorantim). O banco
comprou 51% da asset e está aguardando o sinal verde do Banco
Central (BC) para desbravar o negócio. “Ali, tem um componente de
asset e wealth. Isso reforça o nosso posicionamento na alta renda”,
afirmou Noronha.
Com a reestruturação de sua unidade de alta renda, o Bradesco se
tornou o segundo maior banco brasileiro no segmento Private, atrás
somente do rival Itaú Unibanco. O banco de Osasco atende hoje 18
mil clientes endinheirados, distribuídos em quase 9 mil famílias,
com expansão de 46% desde 2018. Por sua vez, sua participação de
mercado bateu o recorde de 21,25%, ante 18,09%, neste período.
“De fato, tudo o que a gente fez do ponto de vista de gestão
melhorou nosso desempenho porque não se muda simplesmente comprando
ou fazendo acordos”, diz Noronha. Na prática, o banco aperfeiçoou a
forma de atender a alta renda. Para o cliente, dentre os avanços,
está a possibilidade de visualizar seus investimentos no Brasil e
no exterior de forma consolidada, caso assim deseje, respeitando a
regulação. “Isso faz diferença. É outra experiência”, afirma.
Informações Broadcast
BRADESCO ON (BOV:BBDC3)
Historical Stock Chart
From Jun 2024 to Jul 2024
BRADESCO ON (BOV:BBDC3)
Historical Stock Chart
From Jul 2023 to Jul 2024