O Goldman Sachs elevou a sua confiança na sua recomendação de
venda para as ações da BRF após os papéis da dona da Sadia e
Perdigão fecharem com alta de 12,9% na sessão da última
segunda-feira (6).
De acordo com o banco, os papéis foram impulsionados
principalmente pelas expectativas do mercado de uma possível
inclusão do ativo no rebalanceamento da MSCI Brasil, em meio a
diversas especulações na véspera sobre o que teria motivado a alta
dos papéis. O preço-alvo do Goldman é de R$ 7,70 por papel BRFS3,
um valor 40% menor frente o fechamento da véspera, de R$ 12,80. Às
10h55 (horário de Brasília) desta terça-feira (7), os ativos BRFS3
caíam 1,72%, a R$ 12,58.
A nova carteira do índice MSCI entrará em vigor no dia 1 de
dezembro, mas haverá uma primeira prévia da composição no dia 14 de
novembro. A expectativa, segundo analistas do Bank of America e do
Morgan Stanley, é de que a Magazine Luiza (MGLU3) deixe o MSCI
Brazil para entrada da BRF (BOV:BRFS3).
Embora o Goldman Sachs reconheça os aspectos técnicos
potencialmente positivos a curto prazo, ele reitera sua visão
cautelosa sobre a ação, pois vê uma combinação desafiadora de poder
de precificação limitado, alta elasticidade da demanda, aumento da
concorrência, “re-inflação” de matérias-primas para os próximos 12
meses e visibilidade limitada do fluxo de caixa livre.
Outro aspecto que pode ter levado a disparada das ações é a
visão de que a BRF divulgará resultados melhores ante os outros
trimestres (ainda que haja ceticismo por parte do mercado), levando
a uma redução das posições vendidas (que apostam na baixa dos
ativos) no mercado.
Além disso, na semana passada, a XP atualizou as estimativas
para BRFS3, elevando a recomendação de neutra para compra e subindo
o preço-alvo de R$ 8,60 para R$ 15,70.
Vale ressaltar ainda que a BRF anunciou a contratação do UBS
Brasil, Banco Bradesco BBI, Banco Itaú BBA S.A. e do Banco
Rabobank, para assessorá-la na estruturação e colocação inicial das
cotas da 1ª Classe do Fundo de Investimentos em Direitos
Creditórios (FIDC) Clientes BRF II de Responsabilidade Limitada, no
montante de, no mínimo, R$ 800 milhões.
O fundo terá como política de investimentos adquirir direitos
creditórios originados de operações comerciais realizadas entre a
companhia e seus clientes.
Também no radar sempre quando há disparada das ações da BRF, os
rumores sobre uma possível elevação na fatia da Marfrig na
companhia ganham força; atualmente, a participação é de 45%.
Contudo, segundo apuração feita pelo InfoMoney, a Marfrig não
estaria envolvida na oscilação, sendo que, faltando uma semana para
os resultados do terceiro trimestre serem revelados, a companhia
não poderia comprar ações por ser um período vedado.
A BRF divulgará seus números no próximo dia 13 de novembro, após
o fechamento do mercado.
Em termos financeiros, apesar da melhora sequencial no nível do
Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização),
o Goldman Sachs prevê geração negativa de fluxo de caixa livre de
R$ 521 milhões no 3T23, somando R$ 2,9 bilhões negativos no ano até
agora (14% do valor de mercado atual da BRF), tornando difícil, na
opinião do banco, justificar avaliações mais altas.
Atualmente, as ações da BRF são negociadas a 5,4 vezes com base
na previsão de Ebitda para os próximos 12 meses.
O Goldman Sachs comenta que preços mais baixos de grãos podem se
traduzir em uma potencial deflação de custos de até 10,7% (em
grande parte já precificada), mas os preços futuros estão começando
a sugerir, mais uma vez, uma volta da inflação a partir de meados
de 2024 em diante (por exemplo, as curvas a termo de 1 ano para o
milho de Campinas estão 11,0% mais altas do que o preço atual).
“A maioria dos produtores locais aproveitou o melhor cenário de
custos de matérias-primas para aumentar a produção, o que também
adicionou pressão significativa aos preços domésticos, limitando
parcialmente a melhoria na margem bruta dos empacotadores”, destaca
o relatório.
Os alimentos processados seguiram a mesma tendência, com a
Nielsen sugerindo uma queda sequencial de 2,3% nos preços em
julho-agosto de 2023 (liderada pela Perdigão, com -3,1%).
Além disso, na visão do banco, os mercados internacionais de
frango continuam sob pressão devido ao excesso de oferta em curso
(principalmente proveniente do Brasil), e os preços de exportação
estão em média 3,6% mais baixos em dólar no trimestre.
Em termos de lucratividade, o consenso da Bloomberg para o
Ebitda da BRF em 2023 foi ajustado em menos 27% no ano até agora, e
o Goldman vê mais um risco de queda de 5% no 3T23.
Informações Infomoney
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
Historical Stock Chart
From May 2024 to Jun 2024
BRF S/A ON (BOV:BRFS3)
Historical Stock Chart
From Jun 2023 to Jun 2024