A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2023 deve ser
marcada por uma melhora dos resultados da Vale e da CSN,
principalmente por conta da participação da mineração no balanço
dessas duas companhias, já que o setor de siderurgia deve
cambalear, fazendo empresas mais expostas ao aço, como Usiminas e
Gerdau, terem resultados piores.
“Para o terceiro trimestre, Vale e CSN provavelmente serão as
únicas empresas em nosso universo de cobertura a relatar resultados
sequencialmente mais fortes, beneficiando-se de preços mais altos
do minério de ferro e melhor sazonalidade”, diz o time do Itaú BBA,
encabeçado por Daniel Sasson.
A equipe da XP Investimentos, liderada por Lucas Laghi, vai no
mesmo caminho, destacando que o preço do minério de ferro com 62%
de pureza aumentou, em média, 3% na base trimestral. Do outro lado,
na siderurgia, o preço da bobina laminada a quente (HCR, na sigla
em inglês) caiu 10% e o da barra de reforço (Rebar), 4%.
Fora a alta do preço do minério, as duas casas também chamam a
atenção para a sazonalidade no setor de mineração – sendo que o
período que vai de julho a setembro, usualmente, costuma ser um dos
melhores para o setor, por conta do menor número de chuvas.
Vale deve ter resultado melhor, com preço do minério e
sazonalidade
A Vale (BOV:VALE3), claro, tem muita exposição ao minério de
ferro, seu principal produto – apesar de o seu braço de metais
básicos vir ganhando importância. Já a CSN é uma siderúrgica que
tem na CSN Mineração (BOV:CMIN3) parte relevante do seu
negócio.
“A Vale provavelmente reportará uma melhoria sequencial nos
resultados, ajudada por um desempenho mais forte na divisão de
Ferrosos, que mais do que compensa os resultados mais fracos no
segmento de Metais Básicos”, aponta o BBA.
“Estimamos um aumento sequencial no Ebitda [lucro antes de
juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] na
divisão de Ferrosos de 18%, com o consolidado em US$ 4,6 bilhões,
pois volumes mais altos e preços realizados compensam mais do que
ligeiramente os custos mais altos”, completam.
A companhia deve ter seu lado de gastos levemente pressionado,
principalmente, pelo avanço visto nos preços dos combustíveis no
terceiro trimestre e também pelo período ter sido marcado por um
real mais forte.
O BBA, de qualquer forma, vê a Vale exportando 81 milhões, alta
de sete milhões de toneladas em relação ao segundo trimestre. Fora
isso, vê o preço da commodity avançando seis dólares, para US$ 105
a tonelada.
Na divisão de metais básicos, no entanto, o esperado pelo banco
é que o Ebitda recue 34% trimestralmente, para US$ 314 milhões, com
menores preços de níquel ofuscando os melhores volumes de cobre,
após a retomada de operação de minas no Canadá.
O time da XP vê o Ebitda consolidado da Vale ficando em US$ 4,7
bilhões, com alta de 13% no trimestre.
“A Vale é nossa principal escolha para exposição ao minério de
ferro. Durante o trimestre, observamos a queda dos preços do aço na
maioria das regiões, à medida que a China continua a inundar o
mundo com exportações de aço ainda elevadas”, expõe o BTG, que vê a
mineradora trazendo um Ebitda de US$ 4,63 bilhões.
Já no segundo trimestre, CSN (BOV:CSNA3), Usiminas (BOV:USIM5) e
Gerdau (BOV:GGBR4) começaram a reclamar da “invasão” do aço chinês
no mercado local. A economia mais enfraquecida do que o esperado e
o setor imobiliário cambaleante fizeram as empresas chinesas de aço
passarem a exportar mais seus produtos, que chegaram ao Brasil com,
segundo os executivos das metalúrgicas nacionais, com preços
subsidiados.
CSN, Usiminas e Gerdau
A CSN, apesar desse cenário, deve ter seu resultado melhorando
na base sequencial, puxado, como já mencionado, pelo seu braço em
mineração.
“Esperamos que a CSN reporte um Ebitda recorrente de R$ 2,6
bilhões, aumento de 14% em relação ao trimestre anterior. Esse
desempenho mais forte provavelmente será impulsionado por
resultados sólidos na divisão de mineração, ajudados por uma
melhoria nos preços realizados do minério de ferro e volumes mais
altos”, fala o BB. “Para o Ebitda da divisão de aço o esperado é
uma queda de 52% na mesma base”, ponderam.
De forma geral, a mesma situação é esperada pelas demais casas.
A XP, por exemplo, vê o lucro operacional da CSN Mineração
crescendo 57% trimestralmente, para R$ ,17 bilhão.
As outras duas siderúrgicas, pelo consenso, não terão a mesma
sorte.
A Gerdau, para o BBA, deve trazer seu Ebitda recuando 17%, para
R$ 3,15 bilhões. A companhia, que no último trimestre era a
preferida de analistas por conta da sua exposição aos Estados
Unidos, neste deve ser impactada negativamente pelo mesmo
fator.
“As margens no Brasil devem diminuir 0,7 ponto percentual em
relação ao trimestre anterior para 13%, já que uma melhor mix será
mais do que compensada negativamente por preços mais baixos do aço
doméstico”, falam. “Os resultados na América do Norte provavelmente
serão prejudicados por preços mais baixos”.
Nos Estados Unidos, o enfraquecimento da economia, por conta dos
juros mais altos, e a greve das montadoras de veículos devem trazer
alguns impactos ao setor siderúrgico – o que foi apontado pelos
próprios executivos da Gerdau.
Para a Usiminas, por fim, o principal impacto é o do cenário
brasileiro, com a queda dos preços realizados. Além disso, no
entanto, o braço de mineração da empresa, ao contrário de outras do
setor, também deve recuar.
“Esperamos que a Usiminas reporte resultados sequencialmente
mais fracos, com um Ebitda consolidado negativo em R$ 92 milhões,
número R$ 458 milhões menor do que o do trimestre anterior. Este
conjunto fraco de resultados deve-se principalmente ao resultado da
divisão de aço. Os resultados da Mineração provavelmente mostrarão
um declínio sequencial, pois espera-se que volumes mais baixos mais
do que compensem uma ligeira melhoria nos preços”, diz o BBA.
A XP, apesar de definir a siderúrgica como o possível destaque
negativo do terceiro trimestre, com um Ebitda negativo de R$ 89
milhões, fala que os volumes devem vir dentro do consenso, com algo
entre 900 mil e um milhão de toneladas.
A Vale divulga seu resultado no dia 26 de outubro, após o
fechamento de mercado, e a Usiminas, no dia 27, antes da abertura.
Gerdau e CSN tornam seus resultados públicos em novembro, a
primeira no dia seis, antes da abertura, e a segunda no dia oito,
após o fechamento.
Informações Infomoney
GERDAU PN (BOV:GGBR4)
Historical Stock Chart
From Aug 2024 to Sep 2024
GERDAU PN (BOV:GGBR4)
Historical Stock Chart
From Sep 2023 to Sep 2024